Originária da Àsia- principalmente da região do Egito – a linhaça (Linun Usitatissimun ) foi difundida na alimentação humana há mais tempo que se imagina, desde a antigüidade. Informações a seu respeito foram perdidas no tempo. Deixou de ser lembrada pelo homem em seus hábitos alimentares, porém, hoje é comum vê-la nas prateleiras de supermercados. Até mesmo produtos de beleza são produzidos a partir dela. Portanto, hoje, após várias pesquisas na área da medicina, a linhaça ganhou espaço na alimentação humana e na cosmética.

Possui fibras solúveis (10% de sua composição) e insolúveis (30% de sua composição) que ajudam no tratamento de diabéticos e pessoas com níveis elevados de colesterol (LDL) no sangue. As fibras têm o papel de absorver toxinas, açúcares e até gorduras, além de regular o trânsito intestinal.

Outra característica é sua alta concentração de ácidos graxos ômega 3 e 6 (ocupam 41% da composição química da semente, dos quais 48% são de W-3) considerados " gorduras boas" que auxiliam na proteção do coração contra formação de ateromas (placas de gordura), no reforço do sistema imunológico, melhora da aparência da pele, unhas e cabelos. Além de melhorar o humor em casos de depressão.

Comparando-a com a soja, ela também é fonte de um fitoquímico chamado lignana cuja conformação molecular se assemelha ao estrogênio, conferindo proteção às mulheres contra desenvolvimento de tumores nas mamas, miomas uterinos, no tratamento dos sintomas da menopausa e reposição hormonal. A lignana é transformada pela flora do intestino a partir da lignina presente na casca da linhaça. Algumas pesquisas defendem que o consumo de linhaça pelos homens possa auxiliá-los no tratamento de câncer de próstata e até de evitar que venha a se desenvolver.

Pode ser utilizada em diversas preparações: pães, bolachas, barras energéticas, bebidas energéticas, em forma de óleo e cápsulas de óleo. Podendo ser consumida também com cereais ou adicionada a sucos , à salada de frutas, sobremesas e sopas.

Para se obter um maior aproveitamento dos nutrientes da semente de linhaça, esta deve ser triturada antes de ser consumida.

Agora no Brasil, já são bem conhecidos. Rica em proteínas, fibras, vitaminas e minerais, ela está incorporada à massa de vários pães e biscoitos. A novidade agora são os estudos que indicam a linhaça como a principal fonte de ácidos graxos do tipo ômega 3, que combatem as obstruções nas artérias, causadoras de doenças cardíacas. Até hoje, as fontes mais conhecidas de ômega 3 eram os peixes de águas profundas. Pesquisas já comprovaram que o óleo de linhaça tem 60% de ômega 3, enquanto o óleo de salmão tem 30%. "Os ômega ajudam na construção de moléculas de hemoglobina, que carregam o oxigênio pelo sangue, e exercem uma ação antioxidante e de renovação celular", esclarece Marco Ortis, clínico geral e nutricionista de Vitória.
"Ácidos graxos essenciais, como os ômega, estimulam a produção de prostaglandinas, compostos que melhoram a circulação sanguínea e removem o excesso de sódio dos rins, diminuindo a retenção de líquidos, inclusive durante o período pré-menstrual", afirma Barbara Wren, nutricionista do College of Natural Nutrition de Devon, na Inglaterra.
Mas não é só isso. Segundo estudos realizados pela professora canadense de Ciências de Nutrição Lilian Thompson, a semente de linhaça ajuda na prevenção do câncer de mama por neutralizar a ação do estrógeno sobre essa glândula. "Além de ser fonte de ômega, a semente tem componentes ricos em fitoesteróides (as lignanas), substâncias que imitam a ação do estrógeno", explica Dirceu Pereira, diretor médico da Profert - Reprodução Humana, de São Paulo. No entanto, os hormônios de origem vegetal são bem mais fracos e praticamente não têm efeito negativo sobre as células do tecido mamário. Eles conseguem enganar os receptores do estrógeno, bloqueando sua ação.

 

Vitamina turbinada
A apresentadora Xuxa, 38 anos, há dois anos toma no café da manhã uma vitamina de linhaça: "Misturo duas colheres (sopa) de sementes moídas em um copo de diet shake batido com água", descreve a cozinheira Maria Ferreira. A receita é do clínico geral e homeopata carioca Márcio Bontempo, que é também especialista em Nutrição Natural.
"Por possuir componentes semelhantes ao estrógeno, a semente de linhaça também funciona como uma reposição hormonal natural", explica o médico. Ela atua de forma parecida à da soja, que possui a isoflavona, outro fitoesteróide que imita o hormônio feminino. A Universidade de Monash, na Austrália, comprovou essa característica numa pesquisa com pacientes que consumiram um complemento diário de farinha de linhaça. O resultado foi inequívoco: diminuição dos sintomas da menopausa, como suores, dores de cabeça e insônia, em 80% das mulheres. Houve ainda redução no colesterol e no peso.
Por todas essas razões, a linhaça está conquistando espaço entre os chamados alimentos funcionais, aqueles que, além dos nutrientes clássicos, contêm elementos capazes de prevenir doenças. Para regularizar o intestino, a atriz Claudia Alencar, 50 anos, incorporou a semente (rica em fibras) em sua alimentação por recomendação do nutricionista carioca João Curvo. "Coloco uma colher (sopa) de sementes de molho em um copo de água à noite e, no outro dia pela manhã, bebo a água com as sementes."
Benefícios, pelo visto, não faltam a essa planta de origem asiática, cujo cultivo é milenar. Isso mesmo. Sementes de linhaça foram achadas em tumbas egípcias. Na Idade Média, elas chegaram a ser usadas como amuleto contra a feitiçaria. Atualmente, seus poderes vêm sendo cada vez mais divulgados e - pode apostar - em breve se tornará um grão tão popular quanto a soja.